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EQUÍVOCOS MAIS FREQUENTES SOBRE O CONSTRUTIVISMO

Os equívocos mais cometidos sobre a escola construtivista são afirmações de que não se cultiva disciplina; de que construtivismo e educação empirista são o mesmo; de que dar condição à ação criativa é educação assistemática; e de que não se dá relevância ao conteúdo, onde se privilegia a pesquisa, o processo criativo na interação com o saber.

A ideia de não disciplina é equivocada. A saber, a visão de disciplina, desde os primórdios, é da figura de autoridade que se recompensa imprimindo sofrimento a quem o desrespeitou em seu lugar de poder. Em algum momento, a culpa inaugurou-se entre os educadores. Diante dela, veio a opção pela bestialização, na crença de que a natureza dotar-nos-ia de uma ética. Muitos educadores deixaram o indivíduo à mercê da natureza abrindo mão do ato de educar, originando o “laissez-fair”. Disciplina era sofrimento e modo de produzir memória. Impregnamo-nos dessa lógica. Mas qual é a visão de disciplina que se propõe abrir possibilidades para novos sentidos e uma nova humanização? Como garantir sua função: educar – possibilitar aos alunos que interajam com o mundo de modo construtivo e autoconstrutivo? Tal concepção de escola compreende disciplina como técnica para a criação; “vê nela o desejo, força vital, nunca sem forma ou bestial”. Trata-a como conjunto de técnicas que viabilizam “o homem” e suas criações. Eis algumas: dialogar; discutir valores; desenvolver jogos cujas soluções exigem abstrair, criar; oportunizar ao aluno o discernimento do que é bom, útil ou dispensável ao seu Ser.  Disciplina é conhecer-se, conhecer possibilidades e limites, é esforçar-se e criar, o que se faz bem em ambientes estruturados. 

Outro equívoco é tratar o construtivismo como sinônimo de empirismo. Já ouvimos, com frequência, de acadêmicos, que a escola só consegue ser construtivista enquanto o aluno é pequeno e dispensado da educação formal. Bem, toda escola é transmissora de conhecimento já produzido, mas transformado em processo de “digestão”, de construção de memória. Para isso, é fundamental compreender o aluno, sua estrutura, seus desejos e garantir ativa interação com a dinâmica que envolve a escola e a própria vida. A psicologia, neurologia, pedagogia, filosofia são parceiras nessa empreitada. Oferecem suporte teórico para o entendimento da evolução sócio-afetiva e intelectual do homem. Na Educação Infantil, há um modo mais empírico de aprender. Em ação, a criança reflete seus primeiros conceitos e métodos de aquisição. Depois estará apta a operar os conceitos memorizados com ajuda do empírico. A seguir opera com o saber mais abstrato. E, por mais que pareça sedutora a presença do empirismo, há novos desafios mentais. Esse desenrolar é motivo de crise, na visão tacanha sobre empirismo e construtivismo. Reter a criança nisso é impedir-lhe a maturidade. A abstração resulta em criação mais sofisticada e transformadora. É porta que se abre aos desejos mais singulares. Enfim, ser construtivista é conhecer o aluno e desafiá-lo; mantê-lo na prática empirista é regredi-lo.

Mais um equívoco é afirmar que o construtivismo é assistemático. Temos discutido as expressões rigidez e rigor, para nós, de significados distintos. Para possibilitar ao aluno o desenvolvimento, a escola deve consolidar-se, e isso se faz com rigor, “com fortaleza”. E as escolas rígidas? Rigidez é o caráter inflexível, de não se vergar. O educador deve ter rigor no ato de pesquisar, de planejar, e o resultado disso é o vergar ante novas possibilidades. A rigidez se cultiva na impossibilidade emocional e intelectual de suportar o ato criativo. São rígidos os frágeis, os superficiais. A escola construtivista se sistematiza em construção e ao mesmo tempo em que se estrutura é estruturante; portanto, “não pode consistir senão em um sistema de transformações”.

O último dos equívocos: escola construtivista não é conteudista. Como ser mediador de processos de transformação sem aprofundamento constante do que serve a novos saberes? Como mediar a estruturação do Ser inteiro se não pesquisar o que trabalhar, se não apreender o método mais próprio a cada área do saber? Sem profundidade e conteúdo, não se sustenta com autoridade o ato criativo categoria vital à educação.

Ao criar o sistema de cunho construtivista, a disciplina deve ser rigorosa; partir do empirismo para o pensar abstrato e saber retornar mais ativo, cada vez que lhe falte o real, e aprofundar-se em conteúdo. Por fim, criar um domínio de regras e valores num processo democrático “em que o saber e o poder transitam”.


Edmê Cristina
Pedagoga, Psicóloga (CRP 03/351), Diretora da ‘Nossa Escola’,
                        unidade de educação da rede particular de ensino de Aracaju – SE.



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