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Tábua de Valores

Construir valores com os filhos é a melhor proteção contra as ameaças do mundo atual
Edmê Cristina

Quem anda em bando, nele se protege. Não há dúvida quanto a essa verdade. Hoje nos damos conta de que isso é real desde os primórdios, antes mesmo de ser um fenômeno apreendido por qualquer consciência. Não há rejeição a ela, tampouco, com base na crença cultivada por algumas instituições ou famílias, da importância de se singularizar, de se fazer homem e autor de sua própria vida. Caminhamos do pessoal para o mais impessoal, todo o tempo. Encontramos no impessoal, na ação em bando, muita segurança. Não temos também o que discorrer quanto a isso; está óbvio até mesmo para elefantes e gazelas. Além da segurança, no entanto, encontramos, no bando “já civilizado”, elementos subjetivos para o ato de recriar e de se fazer sujeito. Como nos diria Félix Guattari, encontramos a subjetividade essencialmente social e assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares. A nossa real discussão começa quando passamos a refletir sobre o oscilar entre dois extremos: oscilar entre uma relação de alienação e opressão, na qual o indivíduo se submete à subjetividade tal como a recebe, e uma relação de expressão e de criação, na qual o indivíduo se reapropria dos componentes da subjetividade, produzindo um processo denominado singularização. É mais difícil a reflexão, todavia, porque, antes mesmo de iniciá-la, temos que relativizar a importância desse processo. Não podemos dizer que o se fazer sujeito, que o se singularizar é “a salvação da lavoura”, como diria um bom mineiro; explicando melhor, que é a grande redenção, para todo o sacrifício – sagrado ofício – do ato de se humanizar. Há momentos em que olhamos para a nossa civilização, para o que fizemos com ela e queremos correr para o bando; se pudermos, para o mais primitivo deles. No entanto, não há saída; o ato civilizatório é um caminho sem volta. E assim, o educar é também um caminho sem volta, e dessa responsabilidade, não há como escapar.
 
        Bom, a partir desse ponto, retornamos à oscilação entre dois extremos, já anteriormente citados – o de se submeter e o de criar – e vamos também à nossa possibilidade de optar pelo seu fortalecimento enquanto sujeito, ou pela entrega relutante ou incondicional às opções do bando. Temos, de um lado, todas as instituições educadoras – famílias, escolas – que optaram pela singularização. São instituições que também se encantam pela estética – e por que não? –; afinal o que seria de toda a construção civilizatória sem a forma? No entanto, esses educadores não param por aí; optam também pelo caminho do fortalecimento do ato criativo na construção do humano, tornando-o a sua própria arte, sem desconhecer a força que obtém e a necessidade, muitas vezes, de estar no bando, até por uma questão de sobrevivência, não mais no mundo da natureza selvagem, mas na selvageria de um mundo capitalístico. Esses educadores, em geral, para defender os seus princípios mais singulares, como o afeto e o respeito, às vezes, também recorrem não aos instrumentos silvestres, mas à força desses elementos, sem destruir o afeto e o respeito, elementos básicos para a construção de pessoas autônomas e criativas.
 
        Cabe a todos os educadores fazerem as suas opções. Nos adolescentes ou “nos projetos de adolescentes”, é mais natural  – natural na nossa civilização – recorrer, de modo superficial e submisso, ao bando, mas não é nossa opção tornar fácil esse caminho. Digo isso com a consciência de que o caminho da onda, por mais que não seja o cultivado por quem se esforça e cuida verdadeiramente, é a opção predominante.

Ressaltamos que todo educador deve ter claro se a sua opção é maior pelo bando, pelo impessoal ou se o é pelo processo criativo, sem perder de vista que há um inevitável e frequente trânsito do singular para o bando. O que vamos fortalecer e fazer predominar, então, enquanto educadores, já que temos um papel a desempenhar?  Temos que optar; enganar-se não é o nosso papel. Não podemos distorcer o real argumento de educador para desculpar fragilidades na defesa de princípios genuínos. Como diz Machado de Assis, forçamos, muitas vezes, a compreensão dos argumentos em favor dos nossos (des) afetos e (des) interesses. Sem fazer valer os princípios construídos em família e com os parceiros, sem a tábua de valores, a única proteção do jovem é o bando, e dele fica à mercê.

*Diretora da Unidade de Ensino Fundamental e Médio da Nossa Escola (Aracaju – SE)

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